segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | Janelas


Todos os dias eu acordo
E durmo sobre um mar

Acordo como deve acordar quem morreu:
Vendo anjos,
Ouvindo músicas...
Mas abatido, assustado, confuso!


Acordo suspenso
Muito próximo do céu
Como se morasse no último andar de um arranha-céu na Bolívia

Mas o céu e o inferno são vizinhos
Então acordo também, muito perto do inferno...


Todos os dias eu luto contra uma realidade!
Todos os dias eu fujo!

Todos os dias enfrento o sol ...
Todos os dias me queimo!

Todos os dias quando a noite cai
Eu caiu sobre ela...


O diabo constrói as paredes
Mas Deus constrói as janelas
Por onde fujo para o mar...

@zekrodrigues

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | SONHO


SONHO s. m.,
conjunto de ideias e imagens mais ou menos confusas e disparatadas, que se apresentam ao espírito durante o sono; utopia; ficção; fantasia; visão; aspiração.
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TODOS OS DIAS QUANDO A MANHÃ NASCE
ALGUMA COISA MORRE EM MIM
TODOS OS DIAS QUANDO ACORDO
ALGUMA COISA ADORMECE EM MIM

TODOS OS DIAS OS DIAS SÃO ASSIM

TODAS AS NOITES QUANDO ADORMEÇO
ALGUMA COISA CHEGA AO FIM

TODAS AS NOITES AS NOITES SÃO ASSIM

ESTOU CHEIO DE ME SENTIR INVADIDO
POR PEQUENOS VAZIOS...

SEM SONHOS A VIDA NÃO VALE A PENA!
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domingo, 14 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | CREPÚSCULO

Crepúsculo: s. m., claridade frouxa que se nota antes do romper ou depois do pôr do Sol;

fig., decadência; ocaso; declínio.
___________________

AO FIM DE CADA TARDE
O SOL POUSA APAGANDO
SILENCIA O LUME
CALA O ARDOR
RECOLHE A FLAMA
E DESCANSA NO HORIZONTE: SUA CAMA!
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | Lusco-fusco

lusco-fusco: s. m., o anoitecer; a hora do crepúsculo vespertino; dilúculo;
_
AO FIM DE CADA DIA
O SOL BATE ASAS FELIZ
CRUZA A LINHA DO HORIZONTE
MERGULHA ATRÁS DOS MONTES
MERGULHA NO MAR
(SEM MEDO DE SE APAGAR)
PARA ACORDAR OUTRO PAIS.
___

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domingo, 7 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Amor | Desassossego

desassossego s. m., falta de sossego; inquietação; alvoroço; perturbação; receio; preocupação.
_________

UMA SOLIDÃO ME ACOMPANHA
E ISSO ME CONFUNDE
POIS NÃO SEI SE SOU SÓ OU ACOMPANHADO.

UM DESAMPARO MEU PROTEGE
E ISSO ME ATORDOA
POIS NÃO SEI SE ESTOU DESAMPARO OU PROTEGIDO.

UMA TORMENTA ME EMBALA
E NÃO SEI SE DURMO
OU SE VIGIO.

UMA DOR ME DÓI
E OUTRA ME CONSOLA.

UMA COR ME PINTAE OUTRA ME DESCOLORE.

UM GRITO ME SAI
E OUTRO ME ENGOLE.

UMA LÁGRIMA ME ALIVIA
OUTRA ME AFOGA.

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Amor | Mágoa

mágoa do Lat. maculas. f., nódoa produzida por contusão; marca;
fig., desgosto; pesar; tristeza; amargura.
________

O meu corpo carrega nas mãos o dom de construir!

tristezas & alegrias - passageiras - expoe no rosto

memórias - eternas - aprisiona na ilha distante do coração

...as mágoas... (estes gumes abstratos)
prefere salvá-las nos retratos
aprisionadas em caixas de sapato

para o tempo as descolorir...


Todos os direitos reservados

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dicionário das Coisas do Mar | Farol

FAROL s. m.,
construção junto do mar, geralmente em forma de torre, em cuja parte superior há um foco luminoso para indicar aos navegantes a entrada do porto ou a existência de recifes na costa, etc.
Náut., candeeiro, lampião na popa da embarcação ou na gávea do mastaréu da gata;
lâmpada potente de automóvel e de outros veículos;
por ext. coisa que alumia; guia; rumo;
_________
não vejo ninguém...
nem a mim mesmo...
mas me conheço tão bem quanto Deus
os meus reconditos conheço todos
conheço cada curva e esquina do labirinto que sou
eu conheço cada metro quadrado do chão dessa ilha que sou
e nessa ilha que sou
brilhava nos meus olhos um farol
mas apagou...
desta forma não vejo a mim mesmo
e não vejo ninguém....

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*

domingo, 30 de novembro de 2008

Feliz Aniversário

vejo minha idade descer a ladeira da desilusão
lá vai, já longe, desiludida...
pois eu, menino sentado no chão do mar,
Enganei o tempo e não a quis acompanhar.


@zekrodrigues

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | Almas


AS pessoas me olham
e só vêem a máscara
dura e ressecado de sol e tempestades.

mas sou como um barco
que leva muitas pessoas dentro
e apresenta na fronte uma carranca.

Dentro de mim existem muitas almas,
diversos personagens que interpretam o drama dos meus dias
e a comédia dos meus desasossegos...

gostaria mesmo que alguém me visse além da máscara
e fizesse amizade com as almas que trago em mim,
aprisionadas no convés...

quem sabe, talvez as libertasse...
quem sabe... destruísse a máscara
...afogasse a carranca...
e as almas voariam mar afora
buscando praias onde renascer.



@zekrodrigues





quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vendedor de Picolé

Caminha sustentando os anos a tiracolo
passo a passo, sol a sol
muitas horas diariamente... religiosamente
ano após ano...
o que será que pensa?
quantas glórias ou crimes?
quantos lutos já viveu?
quantas lutas já travou?...
(que coisa fria é não conhecer
uma pessoa a quem se vê todos os dias...)
que dores será que carrega dentro daquela caixa de isopor
o velho vendedor de picolé?



@zekrodrigues



domingo, 23 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Mar | Náufrago

náufrago s.m. adj. - do Lat. naufragu s. m., indivíduo que naufragou;
fig., indivíduo que sofreu fortes reveses; infeliz; adj., que naufragou.
__________
eu, que tanto já li - embora não tenha aprendido muito
eu, que tanto escrevo - embora ninguém me leia
eu, que tantas palavras conheço - embora nunca as use
eu, que tantas idéias trago - embora nunca as declare
logo eu, que tantas cores pinto...

eu que muito dou do que é meu - embora eu seja e tenha tão pouco
eu que tanto sei esperar - embora muitas vezes me desespere
eu que trago tanta fé - embora não reze
eu que nunca me rendi - embora algumas vezes tenha me acovardado
eu que nunca me vendi - embora tenha preço

eu que nunca me perdi - embora não saiba onde vou
eu que sempre acordo cedo (mesmo que seja para fazer nada)
eu que sempre venço o medo - embora tarde demais
eu que ouço mais do que falo - embora não preste atenção
eu que trago os olhos cheios de lembranças que só servem a mim mesmo (e porisso são inúteis)

eu que estudo ano após ano...sem afinco...
eu que corro tanto para ganhar tempo para ter todo o tempo do mundo para não fazer nada...

me diga espelho meu...
existe alguém mais perdido do que eu?
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Amor | Sossego

SOSSEGO s. m.
1ª pess. sing. pres. ind. de sossegar


s. m.,
acto ou efeito de sossegar;
descanso; quietude; calma, tranquilidade; paz.
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DOS tempos do amor, sinto falta do sossego, quando os dias pareciam perfeitos... mas a imperfeição habita latente em cada átomo de cada coisa no mundo, de maneira que tudo na vida tem sim, a sua sementinha de imperfeição... e ela um dia germina... hoje, sinto falta apenas do sossego...
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Dicionário das Coisas do Mar | Solidão

...Solidão é ir ao mar para aproximar-se de alguém (ou de algo)que ainda não se conhece (ou não se tem)...
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Dicionário das coisas do Céu | Esperança

Esperança é crer. Acreditar em si mesmo ou em algum Deus. Acreditar em alguma coisa, que seja objeto metálico, um ser vivo na fauna, algo abstrato... uma cor... uma pessoa... o que for: Esperança é também remédio para a dor.
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do amor | Fragilidade


COISA FRAGIL É A VIDA...

UM INSETO

UMA BALA

UM GUME

UM CIÚME

UMA BALA PERDIDA

UMA MULHER FERIDA...

QUALQUER COISA PODE DESTRUIR UMA VIDA!

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Mar | Castelos de Areia

Um dia serei sol quando você for verão...

E serei onda
Quando você for praia
Para te lamber
E me espalhar sobre você.

Um dia serei horizontal
Só para achar o teu vertical no infinito!

Qualquer dia precipito minha planície no teu penhasco.

Um dia serei dicionário
Quando você for palavra
Para finalmente você morar em mim.

Um dia
Teu vôo arranca-me do chão...
E quando você não for pedra,
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domingo, 16 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | Poeta

Cores...Trago em mim!
Mas logo descolorem...
Falo bobagens
Penso sandices... maluquices

Trago visagens, viagens...
Imagens turvas
Caminhos, curvas...
Tantas estradas...
Veredas demais!

Trago bobagens ao léu
Que moram em mim, assim...
Sem fé
Sem paz
Sem mais nem menos
Sem a glória do veneno
Sem mar e sem sertão

Trago em mim algo Sem mel, sem fel, sem perdão
Sem o sal do sargaço
Sem o aço da lâmina,
Sem o trigo da hóstia
Sem vermes em sua terra nem bactérias em seu ar: Inofensivo!...
Um colecionador de noites,
Nuvens
&
Estrelas cadentes...
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

É seu!



O meu amor é fatal
Como abraço de jibóia

O meu amor é leal
Como satélite



O meu amor é permanente
Como o tempo

O meu amor é autodidata
Como os animais irracionais



O meu amor é pirata
Desordeiro
Clandestino
Menino
Infrene
Despojado


O meu amor é casado com você


O meu amor é seu!
_____________
@zekrodrigues
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Vale à Pena!


Não é fácil aproximar-se de mim.
Não é fácil andar por mim:
Explorar-me,
Desvendar-me,
Conhecer-me não é fácil.

Não é fácil vencer os meus íngremes,
Minhas escarpas,
Minhas farpas.

Não é fácil cruzar meus desertos.
Não é fácil mapear-me:
Quedas e espinhos te perseguirão,
Tempestades e terremotos te açoitarão!

Não é fácil escalar minhas encostas escorregadias,
Meus humores pontiagudos
Meus penhascos toscos,
Minhas montanhas de sal.

Não é fácil descobrir meus tesouros,
Achar-me a botija,
Fotografar-me o arco-íris...
Não é fácil observar o nascer
E o pôr-se do meu sol.

Estudar fases na minha lua não é fácil.

Não é fácil entender-me a língua.
Não é fácil estender-me a mão...
Não é fácil...
Mas vale a pena!
____________________
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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Príamo Fugindo de Tróia


Alguma coisa se perdeu em mim
Ao mesmo tempo que outras coisas me cercaram
Me Invadiram e tomaram,
Pungindo com dor tão cortante
Que gritos alarmantes ecoaram sem fim.

Alguma coisa se perdeu em mim
E outras coisas me cercaram,...
me venceram
E me arrastaram
Como Aquiles arrastou Heitor da planície do desengano
À praia da desilusão...
Algo se perdeu em mim...
Alguma força feneceu
Algum sonho acordou
Alguma estrela se apagou
Algum rio secou... ou morreu...
.

sábado, 8 de novembro de 2008

Do Tempo da Solidão


Oito minutos e dezoito segundos depois de partirem
Os raios do sol chegam à terra
E atravessam a janela aberta
Atingindo minha cama
Como um coquetel molotov
Que incendeia tudo ao redor.

Aquele calor me desperta do mundo de Morfeu
E me faz pensar em como seria acordar ao seu lado
Como seriam os teus perfumes pela manhã quando se acorda
Os teus cabelos
Os teus olhos
O teu hálito
O teu humor
O teu gemido de preguiça.

Então, fico prostrado, deserto
Invadido por um vazio que me amordaça
Tomado por uma ausência
Que me obriga a sonhar
E sonho!...
Sonho com caminhos por onde chegar até você
Sonho com quem dividir o peso das coisas da vida
Sonho com quem ver filmes
Com quem criar filhos
Com reclamações cotidianas
Sonho com alguém com quem tirar fotos,
Relembrar fatos e rir de tristezas envelhecidas...
Sonho que você fuja comigo daqui
Para uma terra qualquer
Um lugar qualquer... uma casa colorida
Onde o sol após sua corrida de oito minutos e dezoito segundos
Cruze nossa janela
Caindo sobre nossa cama já incendiada.
_______________________



*

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Infantil


O sol gira o girassol.

O sol pira o girassol
Quando some no céu.


Quando mergulha no horizonte
Escurecendo o céu
O sol entristece o girassol,
Que crava no peito o seu queijo de pétalas.
E assim, de cabeça caída,
O girassol adormece a dor de não ter sol
E espera o dia acordar sorrindo luz...
Toda manhã o girassol ergue a cabeleira amarela
E acompanha o sol no céu
Girando... girando feliz.
*

sábado, 1 de novembro de 2008

Morfeu




Ontem, quando deitei para dormir
Encontrei no céu o brilho infrene das estrelas
Que brincavam no vazio da janela
E acabei sonhando acordado
Os sonhos que sonhei sonhar dormindo...

Se de alguma forma não dormi
(Ou se dormi de qualquer forma)
Só agora é que percebo
O quanto é monótona a vida real,
Pois quando de manhã uma voz me chamou
E saltei da cama largando os sonhos no mundo de lá
Percebi que era o fim,
Pois a voz não era sua
E o sol já alto
Havia apagado as estrelas
Que fizeram o sonho começar...


Boa Noite
...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sal...(dade) do mar


...Ao fim
Além da saudade
Fica aquela coisa a nos assustar
Como fantasma do algo que morreu.

Ao fim, além da saudade
Permanece aquela dor no que já não existe
Como se houvessem membros amputados.

Ao fim, além da saudade
Fica aquela sede permanente na alma
E o deserto enorme por cruzar.

Existe uma saudade que chega sem avisar,
Que adeja sobre nossa cabeça e cai, como tempestade
Inundando de lembranças um tempo de recordações e nostalgias
Das quais não podemos nos livrar.


.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Satélite


Pouso o telescópio sobre o vidro da mesa
E num piscar,
Chego à lua.
Embebido daquele silêncio de satélite
Embriago-me de papel e letras.
Imagino o que escrevem
Os solitários dos outros planetas
E procuro visualizar nas lentes do telescópio
A estrela em que você dorme,
Para que eu possa ver
O brilho que vaza a moldura da tua janela
E tentar distinguir os tons da tua luz
Misturado às luzes das outras estrelas.
.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Diário Inalterado


DO pouco que fiz
de quase nada me arrependo
de quase nada me orgulho

do pouco que Fiz
nada me serviu pra nada:
nada me condenou
nada me enalteceu

das coisas que fiz na vida
o ter feito poucas coisas
talvez tenha sido a melhor:
algumas fotos
algumas palavras
alguns passos em má companhia
outros em solidão...



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sábado, 25 de outubro de 2008

Frágil demais


estilhaços
vidros por todo lado...
vidros frágeis
amigos de vidro
conceitos de vidro
promessas de vidro...
tudo...tudo quebrado
no chão que piso descalço
e por onde tenho que caminhar.



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domingo, 19 de outubro de 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

Destino


Trago fantasmas no rosto e peso nas costas...
ando coberto de perguntas que não sei responder
olhando-me se vê não mais que um menino
e um destino destinado mesmo a não saber...

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*

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Vou...

Vou ao mar molhar o estopim de minha tristeza
Vou ao mar lavar com sal essa dor
Vou ao mar afogar lembranças
Vou sonhar...

...Ferir de arpão o medo medonho
...Jogar anzóis
...Pescar luzes
...Abrir redes
...Resgatar minha vida naufraga

...Vou ao mar limpar o lodo do vidro do aquário que é minha alma.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O POVO


Ando nú de medos
mas todo dia penso em segredo:
"o que será de mim...?"

Ando de alma exposta
olhando-me se vê:
ando desarmado e sem respostas


Ando no mundo
disperso... escondido
levando diversos sentidos
todos perdidos, eu deles e eles de mim

www.ezequielrodrigues.com

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Madeira de lei!

Onde nos leva este rude e deserto sertão
Se o que queremos é a pujança do litoral

Onde nos leva esta água ardente, salobra, insana tubulação
Se o que queremos é o saneamento das consciências

Onde nos leva este labirinto de celulose pútrida
Se o que queremos é o fio de Ariadne

Onde nos leva este louco girar de roleta russa
Se o que queremos são as alegres vertigens do carrossel

Para onde nos leva este chumbo negro
Se o que queremos são as plumas do pavão

Para onde nos leva este aborto
Se o que queremos são jardins de infância

Para onde nos leva este sal de lágrimas
Se o que queremos é a alegria do algodão doce

Onde nos leva esta masmorra
Se o que queremos é a liberdade dos cimos

Onde nos levam estas noites negras
Se queremos as cores das borboletas

Onde nos levam estas trancas e cadeados
Se o que queremos é a liberdade das passarelas

Para onde nos leva a majestade avareza
Se o que queremos é a plebéia doação

Para onde nos leva o pão dormido da mesquinharia
Se o que queremos são os sabores da divisão

Onde nos leva o sangue das lutas de classes
Se o que queremos é a cerveja das mesas de bar

Onde nos leva a fria lâmina da concorrência
Se o que queremos é o calor das igualdades

Onde nos leva este cotidiano de sol a nascer e se pôr
De mar a encher e vazar
De satélites a nos rodear
De gentes a chegar e partir
De bocas a murmurar e sorrir
De ruas a se estender
De muros a delinear
De sexo a reproduzir
De sonhos a nos conduzir
Do falso a nos enganar
De festas a nos balançar
De Chicos a nos encantar
De dietas a recomeçar...

A que mar nos leva o barco em nossa alma...
e de que madeira é feito?

.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

...NAUFRÁGIO

Eu vivo a vida buscando a vida...

as vezes a encontro e seguimos juntos
as vezes tropeço nela

eu ando pelo mundo buscando viver
eu ando mudo pelo mundo... poraí
eu ando pelo mundo sem ver o mundo que trago em mim

eu ando assim... ser ter... sem ser... sem nada

meu mundo é um raciocínio estreito
por onde corre
a correnteza que trago no peito
e nela vai um barquinho... navegando... boiado...

eu ando pela vida ida e volta

uma hora uma amarra se solta
uma onda me bate
e não há geito: ... é naufragar...!


*

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A MINHA ALMA É SÃ

A minha alma não é tosca
a minha alma não é bruta
a minha alma não é morta
a minha alma não é torta
a minha alma me conforta:
a minha alma é uma porta!
(continua...)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Eu


Vem mar, circundar minha ilha
vem me retalhar a golpes de quilha
vem me desafogar


vem me salvar do absurdo que sou...
vazar dores... pescas tristezas


vem oxidar o que há de ferro em minha alma


vem mapear-me o deserto


vem para perto
vem aberto
vem conhecer-me, que eu a mim mesmo não conheço
vem me contar quem sou...

*

domingo, 21 de setembro de 2008

Janelas da alma


Não veem saída, meus olhos...
não veem água para o incêndio
nem para a ilha que sou

não veem vento para meu coração eólico
nem mar para meus naufrágios


meus olhos não gostam de lágrimas
Só veem a própria angústia
e não gostam do que veem!


@zekrodrigues

sábado, 20 de setembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | NOITE


Percorrido todo o caminho,
por fim, resta Dele a aura apenas,
que, doirada, apaga-se muito lentamente,
flertando o corpo da noite e convidando a própria escuridão a assumir seu ofício
de, uma a uma, acender todas as estrelas.

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