sábado, 30 de abril de 2011

Crônica de um dia ruim


Há dias em que me sinto tão grande que vejo as estrelas nascerem no chão. Mas há dias em que meu dia já nasce vazio. Acordo catando algumas esperanças para delas fazer força e levantar. Então abro os olhos (embora o desejo seja não os abrir jamais) e sinto pena de Deus! A imortalidade deve ser um fardo. Sinto-me para mim como aquela agonia que dá no estômago de quem tem medos de alturas e medos de cair. A vida tem me cansado mais do que tem me alegrado. Alegria ou tristeza, nada depende de mim e tudo me atinge. Sou apenas uma antena que capta os gozos e dores do mundo. Vou vivendo assim: sem ambições e sem culpas. Vejo operários no topo de um edifício e tenho inveja deles. Nunca cheguei ao topo de nada (e se chegasse sentiria medo). Escrevo para dizer com letras o que não saberia dizer com a minha voz se tivesse a quem dizer algo. Meu psicólogo é um pedaço de papel. Ao lado, no banco vazio do ônibus, vai meu anjo da guarda, sonolento pela hora matinal e risonho de tudo que ouve o meu pensamento dizer. Enfim, chegamos ao mar e o anjo corre à praia esquecendo-se de mim. Estou só.


@zekrodrigues

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