domingo, 30 de novembro de 2008

Feliz Aniversário

vejo minha idade descer a ladeira da desilusão
lá vai, já longe, desiludida...
pois eu, menino sentado no chão do mar,
Enganei o tempo e não a quis acompanhar.


@zekrodrigues

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | Almas


AS pessoas me olham
e só vêem a máscara
dura e ressecado de sol e tempestades.

mas sou como um barco
que leva muitas pessoas dentro
e apresenta na fronte uma carranca.

Dentro de mim existem muitas almas,
diversos personagens que interpretam o drama dos meus dias
e a comédia dos meus desasossegos...

gostaria mesmo que alguém me visse além da máscara
e fizesse amizade com as almas que trago em mim,
aprisionadas no convés...

quem sabe, talvez as libertasse...
quem sabe... destruísse a máscara
...afogasse a carranca...
e as almas voariam mar afora
buscando praias onde renascer.



@zekrodrigues





quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vendedor de Picolé

Caminha sustentando os anos a tiracolo
passo a passo, sol a sol
muitas horas diariamente... religiosamente
ano após ano...
o que será que pensa?
quantas glórias ou crimes?
quantos lutos já viveu?
quantas lutas já travou?...
(que coisa fria é não conhecer
uma pessoa a quem se vê todos os dias...)
que dores será que carrega dentro daquela caixa de isopor
o velho vendedor de picolé?



@zekrodrigues



domingo, 23 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Mar | Náufrago

náufrago s.m. adj. - do Lat. naufragu s. m., indivíduo que naufragou;
fig., indivíduo que sofreu fortes reveses; infeliz; adj., que naufragou.
__________
eu, que tanto já li - embora não tenha aprendido muito
eu, que tanto escrevo - embora ninguém me leia
eu, que tantas palavras conheço - embora nunca as use
eu, que tantas idéias trago - embora nunca as declare
logo eu, que tantas cores pinto...

eu que muito dou do que é meu - embora eu seja e tenha tão pouco
eu que tanto sei esperar - embora muitas vezes me desespere
eu que trago tanta fé - embora não reze
eu que nunca me rendi - embora algumas vezes tenha me acovardado
eu que nunca me vendi - embora tenha preço

eu que nunca me perdi - embora não saiba onde vou
eu que sempre acordo cedo (mesmo que seja para fazer nada)
eu que sempre venço o medo - embora tarde demais
eu que ouço mais do que falo - embora não preste atenção
eu que trago os olhos cheios de lembranças que só servem a mim mesmo (e porisso são inúteis)

eu que estudo ano após ano...sem afinco...
eu que corro tanto para ganhar tempo para ter todo o tempo do mundo para não fazer nada...

me diga espelho meu...
existe alguém mais perdido do que eu?
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Amor | Sossego

SOSSEGO s. m.
1ª pess. sing. pres. ind. de sossegar


s. m.,
acto ou efeito de sossegar;
descanso; quietude; calma, tranquilidade; paz.
____
DOS tempos do amor, sinto falta do sossego, quando os dias pareciam perfeitos... mas a imperfeição habita latente em cada átomo de cada coisa no mundo, de maneira que tudo na vida tem sim, a sua sementinha de imperfeição... e ela um dia germina... hoje, sinto falta apenas do sossego...
___
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Dicionário das Coisas do Mar | Solidão

...Solidão é ir ao mar para aproximar-se de alguém (ou de algo)que ainda não se conhece (ou não se tem)...
___
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Dicionário das coisas do Céu | Esperança

Esperança é crer. Acreditar em si mesmo ou em algum Deus. Acreditar em alguma coisa, que seja objeto metálico, um ser vivo na fauna, algo abstrato... uma cor... uma pessoa... o que for: Esperança é também remédio para a dor.
___
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*

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do amor | Fragilidade


COISA FRAGIL É A VIDA...

UM INSETO

UMA BALA

UM GUME

UM CIÚME

UMA BALA PERDIDA

UMA MULHER FERIDA...

QUALQUER COISA PODE DESTRUIR UMA VIDA!

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Mar | Castelos de Areia

Um dia serei sol quando você for verão...

E serei onda
Quando você for praia
Para te lamber
E me espalhar sobre você.

Um dia serei horizontal
Só para achar o teu vertical no infinito!

Qualquer dia precipito minha planície no teu penhasco.

Um dia serei dicionário
Quando você for palavra
Para finalmente você morar em mim.

Um dia
Teu vôo arranca-me do chão...
E quando você não for pedra,
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.

domingo, 16 de novembro de 2008

Dicionário das Coisas do Céu | Poeta

Cores...Trago em mim!
Mas logo descolorem...
Falo bobagens
Penso sandices... maluquices

Trago visagens, viagens...
Imagens turvas
Caminhos, curvas...
Tantas estradas...
Veredas demais!

Trago bobagens ao léu
Que moram em mim, assim...
Sem fé
Sem paz
Sem mais nem menos
Sem a glória do veneno
Sem mar e sem sertão

Trago em mim algo Sem mel, sem fel, sem perdão
Sem o sal do sargaço
Sem o aço da lâmina,
Sem o trigo da hóstia
Sem vermes em sua terra nem bactérias em seu ar: Inofensivo!...
Um colecionador de noites,
Nuvens
&
Estrelas cadentes...
________________________________
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

É seu!



O meu amor é fatal
Como abraço de jibóia

O meu amor é leal
Como satélite



O meu amor é permanente
Como o tempo

O meu amor é autodidata
Como os animais irracionais



O meu amor é pirata
Desordeiro
Clandestino
Menino
Infrene
Despojado


O meu amor é casado com você


O meu amor é seu!
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@zekrodrigues
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Vale à Pena!


Não é fácil aproximar-se de mim.
Não é fácil andar por mim:
Explorar-me,
Desvendar-me,
Conhecer-me não é fácil.

Não é fácil vencer os meus íngremes,
Minhas escarpas,
Minhas farpas.

Não é fácil cruzar meus desertos.
Não é fácil mapear-me:
Quedas e espinhos te perseguirão,
Tempestades e terremotos te açoitarão!

Não é fácil escalar minhas encostas escorregadias,
Meus humores pontiagudos
Meus penhascos toscos,
Minhas montanhas de sal.

Não é fácil descobrir meus tesouros,
Achar-me a botija,
Fotografar-me o arco-íris...
Não é fácil observar o nascer
E o pôr-se do meu sol.

Estudar fases na minha lua não é fácil.

Não é fácil entender-me a língua.
Não é fácil estender-me a mão...
Não é fácil...
Mas vale a pena!
____________________
*

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Príamo Fugindo de Tróia


Alguma coisa se perdeu em mim
Ao mesmo tempo que outras coisas me cercaram
Me Invadiram e tomaram,
Pungindo com dor tão cortante
Que gritos alarmantes ecoaram sem fim.

Alguma coisa se perdeu em mim
E outras coisas me cercaram,...
me venceram
E me arrastaram
Como Aquiles arrastou Heitor da planície do desengano
À praia da desilusão...
Algo se perdeu em mim...
Alguma força feneceu
Algum sonho acordou
Alguma estrela se apagou
Algum rio secou... ou morreu...
.

sábado, 8 de novembro de 2008

Do Tempo da Solidão


Oito minutos e dezoito segundos depois de partirem
Os raios do sol chegam à terra
E atravessam a janela aberta
Atingindo minha cama
Como um coquetel molotov
Que incendeia tudo ao redor.

Aquele calor me desperta do mundo de Morfeu
E me faz pensar em como seria acordar ao seu lado
Como seriam os teus perfumes pela manhã quando se acorda
Os teus cabelos
Os teus olhos
O teu hálito
O teu humor
O teu gemido de preguiça.

Então, fico prostrado, deserto
Invadido por um vazio que me amordaça
Tomado por uma ausência
Que me obriga a sonhar
E sonho!...
Sonho com caminhos por onde chegar até você
Sonho com quem dividir o peso das coisas da vida
Sonho com quem ver filmes
Com quem criar filhos
Com reclamações cotidianas
Sonho com alguém com quem tirar fotos,
Relembrar fatos e rir de tristezas envelhecidas...
Sonho que você fuja comigo daqui
Para uma terra qualquer
Um lugar qualquer... uma casa colorida
Onde o sol após sua corrida de oito minutos e dezoito segundos
Cruze nossa janela
Caindo sobre nossa cama já incendiada.
_______________________



*

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Infantil


O sol gira o girassol.

O sol pira o girassol
Quando some no céu.


Quando mergulha no horizonte
Escurecendo o céu
O sol entristece o girassol,
Que crava no peito o seu queijo de pétalas.
E assim, de cabeça caída,
O girassol adormece a dor de não ter sol
E espera o dia acordar sorrindo luz...
Toda manhã o girassol ergue a cabeleira amarela
E acompanha o sol no céu
Girando... girando feliz.
*

sábado, 1 de novembro de 2008

Morfeu




Ontem, quando deitei para dormir
Encontrei no céu o brilho infrene das estrelas
Que brincavam no vazio da janela
E acabei sonhando acordado
Os sonhos que sonhei sonhar dormindo...

Se de alguma forma não dormi
(Ou se dormi de qualquer forma)
Só agora é que percebo
O quanto é monótona a vida real,
Pois quando de manhã uma voz me chamou
E saltei da cama largando os sonhos no mundo de lá
Percebi que era o fim,
Pois a voz não era sua
E o sol já alto
Havia apagado as estrelas
Que fizeram o sonho começar...


Boa Noite
...

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